Representação protocolada aponta propaganda antecipada e abuso de poder econômico no governo de São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, está sob risco de se tornar alvo de investigação do Ministério Público Eleitoral (MPE). Uma ação protocolada pelo advogado Emídio de Sousa acusa o seu governo de utilizar o que chama de “Campeonato de Cortes” como estratégia de campanha eleitoral antecipada, configurando propaganda irregular e possível abuso de poder econômico.
Na representação, é argumentado que o governador promovia sucessivos cortes de verbas e ações com forte apelo midiático justamente para construir visibilidade eleitoral — “embora se apresente como gestor técnico”, afirma o autor da peça.

O que consta na denúncia

  • A representação aponta que há uso de recursos públicos para promoção pessoal, com destaque para vídeos institucionais, inaugurações e entrega de benefícios remunerados nos municípios logo após a decisão de cortes orçamentários.
  • Sustenta também que atos típicos de governo foram convertidos em “show eleitoral” fora do período permitido, o que poderia violar o prazo legal da propaganda antecipada.
  • O termo “Campeonato de Cortes” refere-se à sequência de cortes financeiros ou bloqueios e compensações em políticas públicas anunciadas com grande destaque, numa lógica de espetáculo político.

Por que isso importa

Do ponto de vista de quem defende justiça social, democracia e transparência, esse caso tem múltiplas implicações:

  • O uso de recursos públicos como instrumento de projeção eleitoral mina o princípio da igualdade nas eleições — quando o governo vira vitrine para campanha, quem não está no poder fica sem acesso às mesmas ferramentas.
  • Trata-se de um desafio institucional: se o MPE aceita a investigação, reforça que nenhum mandatário está acima da lei, fortalecendo a democracia. Se não, perpetua-se a lógica da impunidade.
  • O episódio também revela fragilidade da direita vassalocrata: em vez de se consolidar como bloco, ela se fragmenta entre gestores que viram candidatos, promovendo políticas públicas com sentido de marketing eleitoral e não de benefício social.

O que acontece agora

  • A representação está em fase de recebimento no Ministério Público Eleitoral do estado de São Paulo. O órgão deverá decidir se abre ou não procedimento investigativo formal.
  • Caso aceite, haverá fase de coleta de provas, oitiva de testemunhas, análise de vídeos e contratos, até eventual encaminhamento ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP).
  • Politicamente, Tarcísio ganha um sinal de alerta — o ambiente eleitoral se torna mais tenso, e eventuais adversários usarão a acusação como munição estratégica para 2026.

Conclusão

O possível giro investigativo do MPE contra Tarcísio de Freitas marca mais que um episódio pontual: é um momento simbólico da política brasileira. A campanha eterna em torno de gestores que já se preparam para eleições mina a eficácia do Estado para o povo — e transforma cada ato de governo em pré-candidatura. Para nós, que defendemos justiça social, soberania popular e democracia substantiva, o recado é claro: quem governa, governa para todos — não para o próprio marketing eleitoral.

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