A senadora Damares Alves anunciou que conversou por telefone com o advogado-geral da União, Jorge Messias, um dos principais nomes cotados para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A ligação foi mediada pelo deputado Cezinha de Madureira e levou à tona articulações do mundo evangélico sobre a indicação.

Segundo ela, o diálogo se deu após declarações dela de que Messias “não representava os evangélicos” porque se identificava como um quadro jurídico de esquerda. Na conversa, o parlamentar que fez a ponte qualificou Messias como “pessoa do bem” e “cristã”, mencionando sua frequência à igreja Batista de Brasília.

Damares relatou que, apesar de Messias frequentar a mesma igreja que ela, ele nunca havia buscado contato direto desde a posse dela no Senado. Em resposta, o advogado-geral garantiu que o gabinete estava “de portas abertas”. Ainda assim, não houve confirmação formal de que Messias já tenha sido escolhido para o STF — resta apenas a cotação e o processo interno.

O episódio sinaliza o peso delatado das redes de influência evangélicas na indicação para a Suprema Corte. Mesmo sem formalização da escolha, a interlocução revela que setores religiosos pretendem se posicionar antecipadamente no jogo das nomeações.

A conversa levanta questões sobre o equilíbrio entre Estado laico, credibilidade institucional e a capilaridade que grupos de fé exercem sobre o Legislativo e Judiciário. Cabe observar se esse tipo de mediação vai se estabilizar como norma ou se encontrará resistência institucional.

Fonte: Diário do Centro do Mundo.