Flávio Bolsonaro sugere intervenção militar dos EUA e sinaliza recuo na anistia ampla
Senador propõe ação externa contra tráfico e admite alterar proposta de anistia após resistência

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) movimentou-se em duas frentes nesta semana, manifestando-se em âmbito de segurança e política branca. Primeiramente, publicou mensagem no X propondo que os Estados Unidos façam incursões navais para atacar embarcações suspeitas de tráfico na Baía de Guanabara, sugerindo que o Brasil “está inundado” por barcos que “escapam ao controle nacional”.
Concomitantemente, Flávio admitiu que o partido considera abrir mão da anistia irrestrita para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, indicando que a medida poderá excluir crimes graves como tentativa de golpe, depredação de patrimônio ou terrorismo. Ele afirmou que o PL pretende negociar emendas que “individualizem” os casos e protejam o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas sem garantir perdão automático para todos os réus.
Essas declarações expõem dois vetores centrais do bolsonarismo atual: uma busca por reconhecimento internacional através de alianças militares e uma tentativa de salvaguardar sua base eleitoral por meio de mecanismos parlamentares de proteção. O convite à intervenção externa abre debate sobre soberania e independência do Brasil, enquanto o recuo na anistia demonstra a pressão política interna e as limitações da narrativa de blindagem total.
Para aqueles que defendem a democracia e o fortalecimento das instituições nacionais, o cenário revela fragilidades: da parte da segurança, uma dependência declarada de potências externas; da parte do processo político-penal, uma aproximação explícita com instrumentos de impunidade seletiva. O desafio colocado será compreender se esses gestos são apenas simbólicos ou indicam mudanças estruturais no equilíbrio de poder e direito no país.
