Relatório do RJ aos EUA, reunião secreta no Senado e um suposto cerco a Alexandre de Moraes: peças de uma articulação em curso
Flávio Bolsonaro afirma que entregou ao governo dos EUA relatório que liga facções à designação de “terroristas”; no mesmo dia, o ministro Moraes se reúne com Alcolumbre, para tratar do combate ao crime organizado

Rio-EUA: O relatório
O senador Flávio Bolsonaro afirma ter entregue às autoridades dos Estados Unidos um relatório preparado pela segurança pública do estado do RJ em que facções como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) são associadas a organizações terroristas, como o Hezbollah.
Segundo a reportagem, o documento seria “relatório de inteligência” que sustenta a classificação de facções como “narcoterroristas”.
A entrega desse relatório, segundo o senador, teve vistas à “intervenção” ou ao uso de instrumentos internacionais contra essas organizações no Brasil.
Brasília: O movimento de Alexandre de Moraes
Na mesma semana, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, foi recebido no Senado Federal pelo presidente Davi Alcolumbre, em uma reunião para tratar de “ações de combate ao crime organizado” e “uso de tecnologias para enfrentamento da criminalidad
Esse encontro ocorreu no mesmo dia em que foi instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado (CPI) no Senado com prazo de 120 dias para atuação.
Fontes indicam que, no Rio de Janeiro, Alexandre de Moraes também realizou reuniões com autoridades estaduais de segurança pública, logo antes da ida a Brasília.
A articulação e os alvos
As movimentações desenham dois eixos:
- A divulgação e uso de um relatório com graves alegações contra facções criminosas para qualificar estas como “terroristas”, o que abre caminho para medidas internacionais ou extrajudiciais.
- A atuação de Alexandre de Moraes junto ao Legislativo e à segurança pública estatal, indicando que ele está no centro desse processo — seja coletando, seja respondendo à articulação.
Ambos os eixos colocam o ministro no foco da articulação, tanto como alvo das afirmações quanto como agente de resposta institucional.
Por que isso importa
- A classificação de facções como terroristas altera legalmente a natureza da atuação estatal e internacional, abrindo caminho para cooperações com forças externas e novos instrumentos legais.
- A caminhada de Alexandre de Moraes para o Senado e o lançamento da CPI indicam que o combate ao crime organizado está sendo elevado à arena federal e política, não apenas policial.
- Essa disputa — por narrativa, protagonismo e poder sobre a pauta da segurança pública — pode ter reflexos diretos nas eleições e no xadrez das alianças políticas para 2026.
O que vem a seguir
- A CPI do Crime Organizado no Senado deverá pedir acesso ao relatório entregue aos EUA e ouvir o senador Flávio Bolsonaro como testemunha ou envolvido.
- Alexandre de Moraes deve intensificar a interlocução entre o STF, o Executivo federal e os estados para assegurar as bases legais e institucionais desse enfrentamento.
- O governo federal e aliados terão de decidir se assumem ou se afastam dessa articulação, pois a agenda de segurança pública ganhou dimensão estratégica e eleitoral.
Conclusão
O relatório do Rio para os EUA e a reunião de Alexandre de Moraes no Senado não são eventos isolados: juntos, eles compõem um movimento que envolve interesses de poder, enfrentamento institucional e mudança de paradigma no combate ao crime. O centro desse tabuleiro é o ministro do STF — que agora aparece tanto como ator quanto como alvo — e o desfecho desse jogo pode reconfigurar quem “manda” na segurança pública do Brasil.
