Motta “desafia” o governo após aprovação expressa do PL Antifacção
Hugo Motta afirma que o Executivo acelerou o texto sem garantir debate e cobra responsabilidade plena pela implementação da nova lei

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, usou a aprovação em regime de urgência do PL Antifacção como bandeira para provocar o governo federal. Segundo ele, o Legislativo entregou o texto em tempo recorde — agora cabe ao Poder Executivo “fazer a parte dele, entregar o resultado”.
Motta reclamou da pressa na tramitação do projeto e cobrou maior comprometimento do governo para que a lei não fique apenas no papel: “Nós fizemos nossa parte. Agora o governo que assuma o ônus e o bônus”, afirmou em declaração pública.
A aprovação rápida do projeto escancarou uma divergência entre Câmara e Palácio do Planalto: enquanto o governo defendia controles mais rígidos para o aparelho repressivo, a versão aprovada flexibilizou alguns dispositivos. Envolvidos no debate afirmam que a estratégia foi acelerar o avanço com vistas ao calendário eleitoral de 2026.
Para o campo progressista, este episódio representa tanto um alerta quanto uma mobilização: não basta endurecer leis — é necessário garantir que justiça social, direitos humanos e prevenção criminosa sejam integradas. Rapidez legislativa sem debate aprofundado pode abrir brechas à expansão do poder repressivo e ao retrocesso civilizatório.
Com a aprovação na Câmara, o PL agora segue para o Senado, onde será submetido a nova comissão e debates. O resultado final dependerá da capacidade de pressão da sociedade civil e do compromisso do governo em não deixar a lei virar espetáculo político sem materialização concreta.
Fonte: Revista Fórum.
