Moraes condena “kids pretos” e absolve general
No julgamento do núcleo 3 da trama golpista, Alexandre de Moraes vota pela condenação de militares-superação e absolve general

A Supremo Tribunal Federal retomou ontem a sessão que julga o chamado núcleo 3 da trama golpista: um grupo composto por nove militares e um agente da Polícia Federal, apelidados de “kids pretos”, acusados de preparar ações violentas e estruturadas para atacar autoridades, pressionar as Forças Armadas e consolidar a ruptura institucional.
Como relator, Alexandre de Moraes votou pela condenação de amplo número dos réus, apontando prova de articulação, hierarquia e plano golpista.
Ainda assim — e aí reside o recado político — o voto contêm disparidades: enquanto alguns agentes foram denunciados por crimes concretos de organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, o general incluído no processo teve absolvição parcial ou total, segundo informações iniciais.
A mensagem para a vassalocracia é dupla:
- “Não há privilégio militar que venha antes da lei”: a condenação dos ‘kids pretos’ deixa claro que militares da cúpula que jogaram para legitimar o golpe não escaparão ilesos.
- “Quem se porte como general-blindado perde o escudo”: a absolvição — parcial ou total — de um general mostra, no entanto, que a luta institucional ainda opera em terreno técnico-jurídico. Ou seja: coragem é necessária, mas cálculo, prazos e provas são decisivos.
Esse julgamento é mais que técnica: é simbólico. Em tempos em que a extrema-direita vassalocrata busca reconfigurar o poder, a vitória da institucionalidade demonstra que o Estado de Direito tem dentes. E não aceitará a normalização de ameaças à democracia.
Para nós — que defendemos justiça social, igualdade e soberania — o episódio traz lições claras: não basta punir individualmente. É preciso reconstruir as cadeias de comando, investir em educação cívica e desmontar os esquemas que traduzem poder em impunidade. A indignação com o golpe não pode se limitar à retórica: precisa virar estrutura.
Fonte: Brasil 247.
