Moraes agenda depoimento de Salles em ação sobre contrabando de madeira
Alexandre de Moraes marca 9 de dezembro para ouvir Ricardo Salles e 19 réus no caso que apura envio ilegal de madeira

O ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) agendou para o dia 9 de dezembro o interrogatório de Ricardo Salles, deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente, no âmbito da ação penal que investiga a facilitação do contrabando de madeira e outros produtos florestais.
Além de Salles, mais 19 réus serão ouvidos entre os dias 9 e 12 de dezembro — incluindo o ex-presidente do Ibama, Eduardo Bim, e servidores indicados no órgão.
As audiências de testemunhas de acusação e defesa estão marcadas para o período de 1º a 5 de dezembro.
A investigação teve origem em maio de 2020, após parlamentares de oposição apresentarem notícia-crime que utilizou vídeo da reunião ministerial de 22 abril–2020, em que Salles defendeu acelerar mudanças de normas ambientais enquanto a imprensa estava distraída pela pandemia.
A Polícia Federal, no âmbito da Operação Akuanduba, apontou formação de organização criminosa que contava com servidores do ministério nomeados por Salles para favorecer madeireiras, com práticas que envolvem advocacia administrativa, contrabando, corrupção passiva e crimes contra a flora.
Esta etapa processual tem significado político profundo. Salles, ex-ministro de um governo alinhado à agenda vassalocrata, é alvo central desse esquema que tornou a Amazônia palco de ravina ecológica e submissão econômica. O fato de o STF retomar o controle do caso reforça a independência institucional face à promiscuidade entre ministério, madeireiro e grilagem.
Mais que punir indivíduos, este processo levanta a necessidade de resgatar a soberania florestal brasileira — romper com o ciclo em que extraímos madeira para exportar e importamos celulose cara, ou exportamos latifúndio de soja e compramos fertilizante. A presença de Salles no banco dos réus expõe a engrenagem da velha colônia-exportadora dentro do Estado brasileiro.
Conseqüente ao interrogatório, o próximo passo será observar se o STF ampliará as investigações para capturar de fato os sinais externos de financiamento (inclusive do aparato dos EUA no comércio de madeira ilegal) e os nexos entre madeireiras, exportadoras e intermediários offshore. Salles ou não responderá, cabe ao Brasil garantir que a floresta e os povos da Amazônia deixem de ser mercadoria para as elites – nacionais e internacionais.
