Transferência de Luiz Fux para a 2ª Turma reacende embate com Gilmar Mendes

A recente transferência do ministro Luiz Fux para a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reacendeu tensões no alto escalão da Justiça. O movimento colocou Fux ao lado de nomes como André Mendonça e Kassio Nunes Marques e em desacerto direto com o ministro Gilmar Mendes.

Em tom provocativo, Fux afirmou que “agora ele pode falar dos votos proferidos lá sem cometer infrações previstas na Lei Orgânica da Magistratura”, apontando claramente Gilmar Mendes como alvo. O comentário foi interpretado pelos colegas como escalada aberta da rivalidade entre os dois magistrados, que vem desde o julgamento da chamada trama golpista.

A relação entre Fux e Gilmar já era marcada por antagonismos: Fux votou isoladamente pela absolvição de Jair Bolsonaro, enquanto Gilmar criticou o posicionamento como “prenhe de incoerências”. A tensão explodiu novamente quando Fux pediu vista em recurso de Sérgio Moro contra a abertura de ação penal por calúnia contra Gilmar — episódio que gerou discussão acalorada entre ambos na sala de lanches do STF.

No plenário da 2ª Turma, Fux ironizou diretamente Gilmar ao dizer que “a manifestação de ministros que não participaram do julgamento fora dos autos recebeu uma crítica contundente sobre a violação à Lei Orgânica da Magistratura”. Segundo relatos internos, Fux tem repetido que “quem precisa de terapia para superar a Lava Jato é ele”, reforçando o teatro de embate que se formou.

Gilmar Mendes, por sua vez, avisou que não pretende deixar a Turma com a chegada do colega e que considera que Fux está “isolado”. Ele ressaltou ainda que o adversário poderia se declarar impedido em alguns casos, citando depoimento de ex-assessor de Fux em investigação da Lava Jato.

Segundo interlocutores internos do STF, a rivalidade entre os dois ministros já extrapola os casos ligados à trama golpista e à Lava Jato — contaminando outras discussões estratégicas dentro da Corte. A mudança de Fux para a 2ª Turma é vista como reconfiguração institucional que pode alterar o rumo de julgamentos futuros.

Para o campo progressista que observa o cenário com atenção, o episódio acende um alerta: disputas internas no tribunal não ocorrem apenas nos bastidores — elas afetam diretamente a Justiça, os direitos & garantias democráticas e o papel da Corte no Brasil. A velha política de bastidores ganha novo palco, enquanto a sociedade exige que a toga seja símbolo de imparcialidade, não de disputa pessoal.

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