O senador Flávio Bolsonaro fez declarações explosivas nesta quarta-feira (12) durante a sabatina de Paulo Gonet para recondução à PGR, afirmando que seu pai, Jair Bolsonaro, tentou um golpe de Estado e acusando Gonet de “conluio” com o STF. A fala provocou tensão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Flávio questionou:

“O senhor não tem vergonha? Esse conluio, esse jogo combinado, essa farsa. E o senhor colaborando com a perseguição de pessoas inocentes.”
Ele ainda disse que Gonet estaria “atropelando o Congresso Nacional”, ao declarar de antemão que projeto de anistia seria inconstitucional, e citou que “crime contra o Estado Democrático e de Direito” já constava no texto constitucional de 1988.

Contexto e repercussões

A acusação de Flávio — ao admitir que Jair Bolsonaro teria tentado golpe — assume impacto simbólico e jurídico. Trata-se de um reconhecimento público dentro do núcleo bolsonarista de eventos que são centrais para a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022-2023.
Ao mesmo tempo, a sabatina de Gonet, já marcada por embates, ganhou novo impulso com o ataque direto do senador, transformando o evento em palco de disputa institucional — mais do que técnico.

Por que isso importa

Do ponto de vista de quem acompanha com viés progressista:

• A fala de Flávio revela fragilidade da narrativa de impunidade da extrema-direita: quando um dos seus admite tentativa de golpe, o mito cai.
• A acusação a Gonet aponta para tentativa de deslegitimar a PGR e minar seu papel de investigação, algo que ameaça a eficácia da justiça democrática.
• Essa escalada verbal reflete crise de poder no campo bolsonarista: imagens de bravura se transformam em autoconfissão, enquanto o aparato judiciário se mantêm firme.

Consequências possíveis

• A fala poderá abrir caminho para novas investigações ou reforçar as em curso sobre o golpe e sobre as responsabilidades da família Bolsonaro.
• Gonet agora será pressionado a responder não só à sabatina, mas a essa acusação pública grave — o que pode afetar sua imagem institucional.
• O bolsonarismo, já em retração, sofre mais uma perda de coesão: se o senador admite a tentativa de golpe, os apoiadores ficam sem narrativa clara de defesa.