Alexandre de Moraes se reúne com Tomás Paiva e Exército Brasileiro apresenta cenários para possível prisão de Jair Bolsonaro
Em encontro fora da agenda oficial, comandante do Exército sugere instalações militares como alternativa à transferência para a Papuda — decisão agora depende exclusivamente do STF

Uma reunião sigilosa marcada por tensão e alta institucionalidade trouxe à tona um dos desenlaces mais aguardados da política brasileira: a custódia de Jair Bolsonaro. Nela, o comandante do Exército, Tomás Paiva, apresentou ao ministro Alexandre de Moraes cenários de instalações militares como local para a possível prisão do ex-presidente, evitando assim a transferência para a Papuda, segundo reportagem do Brasil247.
O encontro teria ocorrido na noite de segunda-feira (17) à porta fechada, com a presença também do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. O foco: os “cenários operacionais” para a eventual ordem de prisão de Bolsonaro, cuja emissão é considerada iminente.
Durante a conversa, Paiva evitou sugerir qual regime — fechado, domiciliar ou outro — o ministro Moraes deverá determinar. No entanto, fez questão de ressaltar que transferir Bolsonaro para a Papuda pode ser interpretado como medida excepcional ou até “desproporcional”, dada a condição de ex-presidente. Por isso, ofereceu opções de unidades militares espalhadas pelo país, com estrutura capaz de custódia, mas com menor repercussão pública.
Do lado do STF, Moraes ouviu atentamente, mas não se comprometeu com nenhuma das alternativas presentes ou com data para decisão. A indicação de que a definição está próxima confirma que o processo de custódia — e não apenas de condenação — entrou em nova fase: não se trata mais somente de “se”, mas de “quando, como e onde”.
Para o campo progressista, essa articulação militar-judicial chama atenção por dois aspectos: primeiro, reafirma o papel do STF como instância decisiva e autônoma, mesmo diante de pressões de poder; segundo, demonstra que o aparelho militar busca se resguardar politicamente, alinhando-se ao processo institucional e evitando protagonismo público. O resultado desse equilíbrio pode definir como o país lida com presos políticos em escala nacional.
Não é apenas uma questão de local. É um símbolo de normalização e responsabilidade institucional. Se Bolsonaro for conduzido a uma instalação militar com regime específico, estará sendo tratado como qualquer cidadão golpeador — e não como líder protegido. E isso tem impacto direto na memória política e no sentido de justiça.
Se nada mudar, nas próximas semanas veremos a formalização da ordem de prisão, seguida de movimentações práticas para sua execução — preparo de unidade militar, deslocamento de agentes da polícia federal, blindagem de comunicação. E tudo isso sob o olhar do país inteiro.
Se quisermos que fique claro: o poder das Forças Armadas, neste episódio, não é protagonista — é instrumento da justiça e da democracia. E a verdadeira vitória será a prisão de Bolsonaro sob regime adequado, sem espetáculo midiático, sem impunidade, sem favor institucional.
