Eduardo Bolsonaro explode contra o governo e diz que diplomacia não teve mérito no recuo dos EUA
Enquanto Eduardo Bolsonaro acusa o governo de protagonismo vazio, ele reforça que o suposto recuo das tarifas americanas nada teve a ver com a ação diplomática brasileira e trata o episódio como humilhação institucional

Eduardo Bolsonaro disparou com veemência contra o governo após o anúncio dos EUA sobre o recuo parcial nas tarifas impostas ao Brasil. Em declarações inflamadas, o deputado acusou o Palácio do Planalto de celebrar como se fosse conquista diplomática algo que, segundo ele, nada teve a ver com a ação brasileira — chamando a diplomacia de “teatro” e alçando o episódio a mais uma prova de desorientação estratégica.
Em publicações em redes sociais e entrevistas, Eduardo afirmou que o governo “não fez por merecer” e que o recuo americano resultou de pressão do mercado interno nos Estados Unidos — não de articulação diplomática com o Brasil. Ele inclusive sugeriu que os EUA estavam “acertando as contas” por conta própria, enquanto Brasília se vangloriava de ter sido salvadora. O deputado qualificou como “círculo vicioso de ilusão” a narrativa oficial de vitória.
O episódio ganhou corpo quando o relacionamento entre Brasil e Donald Trump mergulhou na crise: os EUA impuseram tarifas “punitivas” sobre exportações brasileiras, como café e carne, citando superávit comercial e decisões judiciais brasileiras. Especialistas de checagem apontam que, embora tenha havido recuo parcial, as sobretaxas de 40% permanecem.
No campo interno, a declaração de Eduardo Bolsonaro tem implicações políticas tensas: ela aponta para fissuras no seio do bolsonarismo e sugere descontentamento com o que muitos consideram uma capitulação diplomática. Ao colocar o governo como coadjuvante num episódio de soberania nacional, o deputado alimenta narrativas de vazamento de poder, ausência de coerência e submissão estratégica.
Para os analistas progressistas, esta crise diplomática serviu de janela para o Brasil refletir sobre sua posição global: não se trata apenas de tarifações, mas de dignidade nacional. A diplomacia brasileira — segundo eles — deve sair dessa como protagonista real, não como apêndice comemorativo. O recuo dos EUA, seja parcial ou simbólico, não pode ser vendido como “salvamento” enquanto a lógica colonial persiste.
Agora, o que se impõe é uma provocação: se o governo brasileiro realmente tem mérito, prove-o. Convoque consultas públicas, negocie contrapartidas, fortaleça o papel do Brasil no eixo Sul Global, no BRICS e transforme o recuo em avanço. Caso contrário, o episódio ficará registrado como capítulo de fragilidade, e o grito de Eduardo Bolsonaro ecoará não apenas como crítica interna, mas como diagnóstico para um país que precisa urgente de autonomia e de diplomacia estratégica real.
