O BNDES anuncia quase triplicar os financiamentos à exportação entre 2023 e 2025, fortalecendo o Brasil frente ao imperialismo comercial

Entre janeiro de 2023 e outubro de 2025, o BNDES aprovou R$ 50,3 bilhões em financiamentos para exportações de empresas brasileiras — beneficiando 323 companhias com 728 operações aprovadas. Esse montante representa quase o triplo dos R$ 17,4 bilhões aprovados no período de 2019 a 2022.

O salto no volume e no número de operações sinaliza uma mudança importante: o banco estatal deixa de ser coadjuvante da exportação de commodities e assume o papel de agente ativo para colocar o Brasil na rota do valor agregado. Foi justamente esse movimento que o atual governo buscou ao reverter o modelo de colônia exportadora — processar aqui, industrializar aqui — e assim romper com a lógica de dependência.

O BNDES relata que a carteira de crédito alcançou R$ 616 bilhões em 30 de setembro de 2025, crescendo 5,3% frente ao dezembro de 2024, e atingindo o maior nível dos últimos nove anos. Além disso, o lucro recorrente no banco chegou a R$ 11,2 bilhões entre janeiro e setembro de 2025 — 14,2% superior ao mesmo intervalo de 2024.

Essa expansão do apoio à exportação vem acompanhada de forte incremento em crédito e garantias a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs): R$ 155,1 bilhões entre crédito direto e garantias, sendo R$ 63,7 bilhões em financiamentos diretos e R$ 91,3 bilhões em garantias — salto de 68% frente a 2024 e 223% ante 2022.

Pelo prisma da soberania nacional, esse avanço importa mais do que sinais numéricos: reforça que o Brasil não aceitará passivamente ser mero fornecedor de matérias-primas e terceirizador de processos industriais para as potências. Quando os EUA impõem tarifas — como vem fazendo a administração Donald Trump — contra o Brasil, não estão apenas punindo; estão acenando com um presente: forçar o país a caminhar com as próprias pernas. A resposta deve vir com reindustrialização, o que este movimento do BNDES favorece.

O salto em operações de exportação também revela uma mudança estrutural: ao financiar vendas externas, o banco tira o freio do capital nacional e facilita que empresas brasileiras atuem com mais força no mercado global — seja em tecnologia, bens de capital ou alimentos com maior valor agregado — e não apenas na extração de matérias-primas.

Vale lembrar: o modelo colonial se baseava em exportar soja bruta, minério, petróleo cru — e importar os produtos finais. A nova era exige o inverso: processar aqui, industrializar aqui, vender lá fora — e isso é exatamente o que esses financiamentos ampliados visam viabilizar.

Em resumo: o BNDES está reforçando o protagonismo econômico do Brasil em plena geopolitica do Sul Global, abrindo caminho para um país menos dependente e mais atuante. Para que isso realmente se transforme em progresso social e econômico, contudo, será preciso que o Estado brasileiro conecte esses recursos com políticas industriais concretas, fortaleça cadeias produtivas estratégicas e assegure que o benefício se espalhe para os trabalhadores — não apenas para os acionistas.

Fonte: Brasil 247.

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