Advogados alegam confusão mental causada por remédios e questionam prisão preventiva após incidente com monitoramento eletrônico

A defesa de Jair Bolsonaro solicitou formalmente ao STF que seja aceito um laudo médico que, segundo seus advogados, comprovaria que a violação da tornozeleira eletrônica por ele — episódio que motivou sua prisão preventiva — ocorreu em meio a um quadro de “confusão mental”, agravado por interação de medicamentos.

Segundo os advogados, o ex-presidente faz uso de remédios para tratar crises de soluços persistentes, e, nos dias anteriores ao incidente, foi introduzida uma nova medicação. Eles afirmam que essa combinação teria desencadeado efeitos adversos sobre o sistema nervoso central — como alucinações, desorientação e distúrbios cognitivos — e culminado no que descrevem como “episódio de confusão mental”.

No documento entregue ao ministro Alexandre de Moraes, a defesa argumenta que não houve intenção de fuga nem tentativa deliberada de remover o equipamento de monitoramento. Alega que Bolsonaro acreditou que a tornozeleira continha dispositivos de escuta — e que a ação se limitou a tentativa de abrir a tampa, não à remoção do aparelho.

O pedido busca reavaliação da prisão preventiva e conversão do regime para prisão domiciliar humanitária, com base na fragilidade de saúde do ex-presidente e no risco de agravamento médico caso ele permaneça detido.

Mas o episódio tem gerado forte controvérsia. A perícia oficial da Polícia Federal detectou “danos significativos” na tornozeleira, indicando que o equipamento foi submetido a calor intenso e uso de ferramenta metálica, compatível com tentativa de violação definitiva do dispositivo.

Para críticos, o uso de um laudo médico como escudo pode representar mais uma manobra de impunidade — especialmente quando se trata de um condenado por tentativa de golpe. Para defensores da democracia e da justiça social, o Estado não pode permitir que suspeitos de crimes graves escapem da lei usando a alegação de “estado de saúde”.

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.