“Celas espartanas”: generais condenados por golpe cumprem pena em suítes militares discretas
Mesmo presos por tentativa de golpe, oficiais de alta patente são alojados em dependências com cama, TV e banheiro — e o Exército se recusa a mostrar fotos

Os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto — todos condenados pelo Supremo Tribunal Federal pela trama golpista — iniciaram cumprimento de pena dentro de unidades do Exército, em “celas espartanas” descritas como suítes simples com cama, escrivaninha, TV e banheiro.
Ao contrário do que ocorreu no caso do ex-presidente preso pela polícia federal, quando a cela foi exibida publicamente para evitar acusações de maus-tratos, o comando do Exército decidiu que não haverá divulgação de imagens dos locais onde os generais cumprem a pena. A justificativa: não haver “necessidade institucional” para tal.
A restrição de transparência coincidiu com a transferência de alguns condenados para quartéis como o Comando Militar do Planalto, em Brasília, enquanto outro permanece detido em unidade militar no Rio de Janeiro.
A situação levanta um dilema desconfortável: por um lado, a detenção de homens que conspiraram contra a democracia representa uma vitória histórica — pela primeira vez generais pagam criminalmente por golpe. Por outro, a manutenção de alojamentos com conforto e a recusa em mostrar as celas reforçam privilégios institucionais que escapam ao controle público.
