Redação

O deputado federal Aécio Neves reassumiu nesta quinta-feira (27) a presidência nacional do PSDB após quase 13 anos fora da direção da legenda. A recondução ocorreu durante reunião interna que oficializou a saída de Marconi Perillo, que disputará o governo de Goiás em 2026.

O retorno de Aécio se dá em cenário drástico: o PSDB já não é o partido que disputava o Planalto há pouco mais de uma década. A sigla perdeu governadores, viu militância minguar, bancada se reduzir drasticamente e o eleitorado migrar para outras siglas.

Em tom de mea-culpa, Aécio admitiu que erros internos, a polarização intensa e a radicalização da política brasileira contribuíram para o colapso da legenda. Segundo ele, o PSDB deixou escapar sua identidade entre os extremos ― e agora tenta reencontrá-la.

Na cerimônia de posse, em Brasília, Aécio declarou que vê neste momento não uma chance de glória, mas de sobrevivência. Disse que o partido deve ser “voz responsável do centro democrático”, criticando os extremos e afirmando que o PSDB quer oferecer alternativa “distante tanto do lulismo quanto do bolsonarismo”.

O plano para 2026 não envolve disputar a Presidência — o partido admite que esse horizonte está enterrado. A meta agora é reconquistar parlamentares: Aécio projeta eleger cerca de 30 deputados federais, mais que o dobro da atual bancada, e reerguer bases estaduais, especialmente em antigos redutos como Minas Gerais, São Paulo e Goiás.

Mas a tarefa é inglória: sem governadores em exercício, sem força territorial e num Brasil cada vez mais polarizado, o PSDB dificilmente deixará de ser sombra da bipolarização. A reeleição de Aécio representa menos uma virada — e mais um funeral lento de um partido que um dia se achou central, moderado e indispensável.