Bolsonaro nega abusos durante prisão e tenta blindagem jurídica em nova audiência
Em depoimento ao STF, ex-presidente afirma que não houve “qualquer abuso ou irregularidade”

Em audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (26), o ex-presidente Jair Bolsonaro garantiu que o cumprimento do mandado de prisão decretado contra ele foi legal e isento de irregularidades. Segundo o depoimento, “não houve qualquer abuso ou irregularidade por parte das autoridades policiais responsáveis pelo cumprimento do indigitado mandado de prisão”.
O exame de corpo de delito e a própria detenção — ocorrida na terça-feira (25) na sede da Polícia Federal (PF) no Distrito Federal — foram mencionados na ata da audiência. Bolsonaro afirmou que submeteu-se aos procedimentos exigidos e detalhou que sua prisão respeitou “as formalidades legais e regulamentares”.
Além de negar abusos, o ex-presidente falou sobre seu estado de saúde: relatou sofrer de refluxo, apneia do sono, necessitar de dieta especial e uso contínuo de medicamentos — apontando a necessidade de acompanhamento médico permanente no decorrer da prisão.
O depoimento ocorre dias após a confirmação pelo STF da condenação de Bolsonaro à pena de 27 anos e 3 meses por crimes relacionados à trama golpista de 2023–2024. A manutenção da prisão foi decidida pela juíza auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, formalizando a ordem judicial.
A defesa tenta transformar a audiência de custódia em instrumento de legitimação — um recado de que o ex-presidente aceitou a detenção “de boa-fé” e sem alarde. Mas a jogada tem limites: a condenação já transitou em julgado, e a prisão, por ora, segue.
Vivemos um momento de quebra de impunidade. A retórica de normalidade não apaga o peso das acusações nem o desmonte simbólico da aura de invencibilidade do bolsonarismo vassalocrata. A prisão está em curso — e com ela, a chance de reconstrução da justiça no Brasil.
