Tentativa de blindagem judicial tenta reinventar realidade filmada — gravações mostram o contrário

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) documento alegando que ele cumpriu à risca as restrições impostas ao cumprir prisão domiciliar: segundo os advogados, Bolsonaro não usou — nem teve “contato visual” — com o celular usado pelo deputado Nikolas Ferreira durante a visita realizada em 21 de novembro.

O argumento central da defesa é que a visita foi feita “às claras”, com câmeras gravando todos os momentos — prova, segundo eles, de que não houve tentativa de ocultar qualquer irregularidade. Eles reforçam que Bolsonaro manteve-se distante do aparelho, mantendo o que classificam como “estrito cumprimento” das medidas cautelares.

Mas o registro exibido pela emissora — que motivou o pedido de explicações judicial feito pelo ministro Alexandre de Moraes — mostra o deputado usando o celular na varanda da casa enquanto conversava com Bolsonaro. A controvérsia reaviva a acusação de que a visita pode ter descumprido a proibição judicial de uso de aparelhos eletrônicos.

O episódio ganha peso político num momento em que o bolsonarismo está fragilizado: a decisão de Moraes exige que a defesa se manifeste em 24 horas sob risco de novas sanções ou desdobramentos judiciais. A narrativa oficial tenta salvar a imagem de obediência, mas as imagens e o histórico de descumprimentos por aliados sugerem que quem realmente está em risco é o próprio conceito de impunidade seletiva que a extrema-direita vassalocrata tenta manter viva.

A quem interessa essa “versão de inofensividade”? A disputa não é apenas sobre um celular — é sobre quem dita as regras, quem controla a narrativa da impunidade e quem acha que pode continuar manipulando o sistema ao bel-prazer. E o Brasil, nós, estamos assistindo.

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