Em almoço da Federação Brasileira de Bancos, o sistema financeiro vira página sobre ex-mandatário e banqueiro investigado

Em evento anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os principais executivos do sistema financeiro brasileiro adotaram tom de desligamento em relação a duas crises que marcaram o setor: a prisão de Jair Bolsonaro e o colapso do banco controlado por Daniel Vorcaro. Os banqueiros, presentes em almoço em São Paulo, classificaram ambos como “assuntos encerrados” e mudaram o foco para liquidez, supervisão e previsibilidade regulatória.

Nas conversas reservadas antes da chegada de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central do Brasil, o quadro dominante era: o que realmente preocupa o mercado agora não é o ex-presidente nem o banqueiro investigado, mas sim o impacto da liquidação do Banco Master sobre o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Um dos executivos chegou a afirmar: “Vorcaro era problema até a liquidação do banco, agora é assunto liquidado”.

Em relação a Bolsonaro, o tom foi semelhante. O episódio da tornozeleira eletrônica e da prisão foi tratado como “não assunto” por quem comanda o crédito e o câmbio: “não havia nada a acrescentar”, comentou um participante. Esse salto de indiferença revela que o poder financeiro já muda de pauta e não quer mais esperar pela recuperação de marcas políticas que, ao seu ver, não oferecem mais retorno.

Durante o evento, Galípolo discursou sobre reforço da supervisão bancária, lembrando que “a obra de supervisão nunca está completa. É um movimento contínuo”. Ele citou operações como a Carbono Oculto para mostrar que o setor precisa estar sempre alerta.

Para o campo progressista, esse episódio evidencia uma ruptura significativa: a elite financeira não mais vê Bolsonaro ou grupos associados como interlocutores essenciais — o Brasil da especulação e dos mercados está recalibrando em direção à estabilidade e ao controle institucional. A frase-chave “banqueiros veem Vorcaro e Bolsonaro como assuntos encerrados” resume esta guinada.

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