Enquanto o ex-presidente é conduzido pela polícia, Michelle grava mensagem falando em fé, convocação de massas e retórica de perseguição

A mulher de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, gravou uma mensagem pública pouco depois da prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. Em meio à condução da PF para Brasília, ela dizia estar “aguardando voo” para se juntar ao marido e repetir que “confia na Justiça e em Deus”.

Michelle, que se encontrava no Ceará para evento partidário da sigla PL, foi informada às 6h da manhã da operação contra Bolsonaro e decidiu gravar o vídeo mesmo antes de desembarcar em Brasília. Ela fez uso de referências religiosas: lembrou do atentado à faca de 2018 e afirmou que “em Deus ele é forte”, que não desistirá do “propósito que o Senhor confiou a ele”.

A ex-primeira-dama compartilhou trechos bíblicos (como o Salmo 121), pediu orações e declarou que “o Brasil precisa da nossa intercessão”. No evento do PL Mulher, dirigindo-se às mulheres do partido, ela afirmou estar vivendo “um momento de sofrimento” com a filha Laura e qualificou o episódio como “guerra espiritual”. A mensagem foi clara: não fiquem pasmas, “marchar” é a ordem. Michelle ainda mandou uma mensagem direta ao ministro Alexandre de Moraes, pedindo que ele “se arrependa de seus pecados”.

Mas o que significa essa movimentação num momento de alta tensão política? A prisão de Bolsonaro já representa uma virada — não apenas para ele, mas para todo o campo da extrema-direita (vassalocrata) no Brasil que sempre se beneficiou da impunidade. Michelle emerge como peça de resistência simbólica: ela não está em casa, está em campo, ativa, convocando, fazendo discurso de fé e mobilização. A fala — carregada de misticismo — torna-se política.

Para quem observa a conjuntura: a prisão de Bolsonaro, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, expõe que o sistema de Justiça atua contra figuras que antes pareciam intocáveis. A mensagem de Michelle reforça essa ideia: não é apenas um processo judicial, mas uma disputa simbólica de poder, de narrativa e de mobilização de massas. O que está em jogo é mais do que um líder preso — é o possível desmonte de um eixo de força vassalocrata alinhado ao projeto antissistema dominante.

Se Michelle convoca “marchar”, as forças que ela representa sabem que o tabuleiro mudou. A tempestade está declarada. O pós-prisão de Bolsonaro pode ser o momento em que o Brasil decide rápido se continua como colônia econômica e política, ou se vira a página da impunidade e constrói algo novo — industrialização, valor nacional, soberania frente ao império, companheiro Lula.

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