Lula bate o martelo e escolhe Jorge Messias para vaga de Barroso no STF
Advogado-geral da União, aliado de confiança do governo e voz firme na defesa do Supremo, será sabatinado pelo Senado após escolha direta de Lula para a cadeira de Luís Roberto Barroso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou aquilo que já vinha se desenhando nos bastidores: Jorge Messias é escolhido por Lula para o STF, ocupando a vaga aberta com a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso. A decisão foi fechada em reunião no Palácio da Alvorada e consolida a estratégia do governo de colocar na Corte nomes de confiança política e técnica, preparados para enfrentar a herança golpista dos últimos anos.
Segundo o Diário do Centro do Mundo, Messias já era o favorito de Lula desde o início das conversas internas. O presidente comunicou pessoalmente ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que ele não seria o indicado para o Supremo, porque o quer como candidato ao governo de Minas Gerais em 2026 – um recado claro de que Lula está organizando, ao mesmo tempo, o futuro do STF e o tabuleiro eleitoral dos próximos anos. Pacheco é bem visto por senadores, mas, desta vez, a prioridade foi outra: manter no Supremo alguém completamente alinhado com a defesa da democracia.
A escolha não foi feita num cenário tranquilo. A indicação de Messias enfrenta resistências no Senado, inclusive de setores que preferiam um acordo mais amplo com a cúpula da Casa. Lula, porém, não abriu negociação sobre o nome: lembrou que a indicação ao STF é prerrogativa exclusiva da Presidência da República e reforçou que não aceitará transformar cadeira do Supremo em moeda de troca. Dentro do governo, a avaliação é que Messias se tornou a principal referência jurídica do Planalto, ocupando o espaço que em outros momentos já foi de figuras como Flávio Dino.
O perfil ajuda a explicar a decisão. Procurador da Fazenda Nacional e atual advogado-geral da União, Messias tem 45 anos e poderá permanecer no STF por cerca de três décadas, garantindo continuidade a uma visão de Estado comprometida com direitos fundamentais, Constituição e soberania nacional. Durante o governo, ele se destacou ao coordenar a equipe jurídica da transição, reorganizar a Esplanada e enfrentar iniciativas que tentavam aliviar a situação de condenados pelos ataques de 8 de janeiro, atuando em defesa firme do Supremo em casos sensíveis.
Há ainda um componente político-religioso importante: Messias é evangélico, diácono em Brasília, e funciona como ponte com parte desse segmento – há anos bombardeado por lideranças conservadoras que tentam sequestrar a fé para projetos autoritários. Ao indicar um evangélico progressista e de carreira pública sólida, Lula manda um recado direto: não existe monopólio da Bíblia pela direita. A indicação tenta furar o bloqueio de desinformação e, ao mesmo tempo, mostrar que é possível unir fé, democracia e Estado laico.
Na biografia recente de Messias, há outro ponto que pesa na balança: sua atuação contra medidas do Governo Trump que tentaram atingir autoridades brasileiras, como as sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes. Ao reagir a esse tipo de ataque externo, Messias ajudou a construir a linha de defesa de um Brasil que não aceita tutela estrangeira nem chantagem imperial, reforçando a visão de um país alinhado ao Sul Global e ao BRICS, e não ajoelhado diante de Washington.
Se aprovado pelo Senado, Jorge Messias será o terceiro ministro evangélico entre mais de 170 nomes que já passaram pela Corte, num total de 134 anos de história do STF. A escolha, somada às indicações anteriores de Cristiano Zanin e Flávio Dino, desenha um Supremo mais jovem, mais estável e mais comprometido com o enfrentamento às tentativas de golpe e ao uso político do sistema de justiça. Não há sinal de fragilidade: há reforço de muro institucional. E, com Messias escolhido por Lula para o STF, a mensagem fica clara para quem ainda sonha com aventuras antidemocráticas: o tempo do caos jurídico acabou, o país volta a ser governado com projeto, memória e estratégia.
