Mesmo com protestos sobre autonomia institucional, Gonet ganha apoio no Senado e avança para novo mandato — momento crítico para independência do Ministério Público

O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (12/11/2025) a recondução de Paulo Gonet à chefia da PGR para mais dois anos. A votação plenar marcou 45 votos favoráveis e 26 contrários — acima dos 41 necessários para alcançar maioria absoluta.
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o nome de Gonet já havia sido aprovado anteriormente por 17 votos a 10.

O panorama

Durante a votação, senadores divergiram abertamente sobre a atuação de Gonet. De um lado, senadoras como Daniella Ribeiro (PP-PB) elogiaram sua trajetória e afirmaram confiar em sua imparcialidade.
De outro, parlamentares como Jorge Seif (PL-SC) criticaram o procurador-geral por uma postura “apagada e subserviente” em momentos decisivos da investigação de atos antidemocráticos.

Gonet defendeu, durante sabatina, a atuação da PGR nas investigações relacionadas aos fatos de 8 de janeiro de 2023: segundo ele, foram 715 condenações e doze absolvições, além de 606 casos ainda em andamento.

Por que isso importa

Para nós, que defendemos justiça social, democracia e transparência, essa recondução representa um momento de tensão institucional:

  • Autonomia institucional: O cargo de procurador-geral exige autonomia plena frente aos três poderes. A aprovação mostra que Gonet foi aceito pela maioria parlamentar, mas as críticas revelam que parte do Senado duvida dessa independência.
  • Crise da direita vassalocrata: A bancada conservadora, alinhada ao bloco bolsonarista, usou a votação como palco para duelos internos, mostrando fissuras ao invés de unidade.
  • Garantia de impessoalidade: Com a PGR em posição estratégica para investigar grandes casos contra o poder econômico e político, o procurador-geral precisa demonstrar que atua para todos — e não apenas para segmentos ou para espetáculo.

O que pode vir pela frente

  • A recondução permite que Gonet prossiga no comando da PGR, mas a atenção agora se volta para sua agenda e se ela corresponderá à promessa de independência.
  • A oposição — tanto institucional quanto social — estará de olho: não basta o “sim” do Senado, mas o “fazer” consequente.
  • Para o campo progressista, é momento de monitorar e exigir que a PGR investigue com firmeza casos que envolvem poder econômico, violência institucional e violações de direitos humanos.

Conclusão

A aprovação de Paulo Gonet pelo Senado não é apenas um ato burocrático: é um termômetro da saúde institucional brasileira. Num momento em que a democracia enfrenta pressões da extrema-direita e da captura de poder por grupos corporativos, a PGR, sob sua liderança, poderá ser uma instituição de contenção ou de complacência. Para nós, a escolha está clara: exigir que a instituição se oriente pelo interesse público, pela justiça social e pela soberania popular — não por privilégios.

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