Governadores pedem adiamento da votação do PL Antifacção e revelam rachadura na direita
Chefes estaduais aliados do ex-presidente exigem mais tempo para debater alterações no texto que fragiliza a Polícia Federal antes de votação na Câmara

Quatro governadores alinhados ao bloco do ex-presidente Jair Bolsonaro formalizaram um pedido ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para adiar a votação do projeto de lei apelidado de PL Antifacção, relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), prevista para esta quarta-feira. A iniciativa evidencia um processo de fissura no interior da direita sobre o projeto de “segurança” que está em debate.
Os governadores que compõem o chamado “Consórcio da Paz”, entre eles Cláudio Castro (PL-RJ), Jorginho Mello (PL-SC) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), junto com a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP-DF), afirmaram que as mudanças no relatório afetam diretamente as competências estaduais na segurança pública e, por isso, pedem mais tempo para análise junto ao Senado e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Quem opera a segurança pública são os estados. Não adianta fazer um projeto sem ouvir os estados, sem saber se aquilo que está sendo votado vai ajudar os estados”, disse Cláudio Castro.
Apesar da solicitação, Motta afirmou que “nada está decidido ainda” sobre o adiamento. O novo parecer de Derrite, divulgado na terça-feira (11), retirou pontos polêmicos como a alteração da Lei Antiterrorismo e mudanças nas atribuições da Polícia Federal — mas ainda provoca resistência significativa.
Por que importa
Para quem defende justiça social, democracia e reforço das instituições, o episódio traz alertas importantes:
- Em vez de reforço à segurança pública, o texto emerge como ponto de conflito entre poder central e estados — o que pode diluir a resposta ao crime organizado.
- A ação dos governadores mostra que a direita comercial-política não está mais unida; a crise interna abre brecha para o redesenho do espectro político.
- O adiamento permite que o debate se estenda, mas também revela que o governo e o Legislativo tentam aprovar mudanças estruturais com pressa — algo que historicamente alimenta descontrole e vulnerabilidade institucional.
Conclusão
O pedido de adiamento assinado por governadores bolsonaristas desnuda uma direita que luta para manter coesão enquanto o bloco do poder passa por desgaste simbólico. Para o Brasil, o desafio é usar esse momento para exigir transparência, debate amplo e uma legislação que fortaleça o combate ao crime com respeito à democracia — não para mais episódios de poder vassalocrata e atropelo.
