Fundador da plataforma ClipfyAI, Daniel Camargo Antunes montou o torneio de R$ 50 mil em cortes pró-Tarcísio, com rede automatizada de perfis e discurso alinhado à nova direita VASSALOCRATA nas redes

Uma investigação revelou o rosto por trás da chamada “máquina de cortes de Tarcísio”. Trata-se de Daniel Camargo Antunes, jovem empresário, pouco mais de 20 anos, fundador da plataforma ClipfyAI, apontada como a base tecnológica do campeonato de cortes com prêmio de R$ 50 mil criado para bombardear as redes sociais com vídeos pró-governador Tarcísio de Freitas.

Segundo a apuração, a ClipfyAI se vende como uma plataforma capaz de multiplicar a presença digital de um cliente criando dezenas de perfis automatizados, gerando cortes em massa de um único vídeo e distribuindo o material em escala industrial. Foi nesse ambiente que o torneio pró-Tarcísio foi hospedado, reunindo 72 produtores de conteúdo dedicados a impulsionar a imagem do governador com base em recompensas financeiras.

Nas redes, Daniel Antunes cultiva a imagem de “gênio da viralização”. Ele mistura jargão de marketing digital com discurso político alinhado à nova direita VASSALOCRATA, ataca eleitores de esquerda e transforma militância em produto. Em um vídeo citado na reportagem, aparece sobre imagens de um ato de rua com uma frase em vermelho: “como usar a manada de militante para alguma coisa”, deixando claro que enxerga a participação política como massa de manobra a ser guiada por quem domina os algoritmos.

O empresário também direciona seus ataques a eleitores de Guilherme Boulos (PSOL). Em outro conteúdo, admite que a votação do deputado o “preocupa demais” e afirma que quem vota em Boulos “se contenta com pouco” e “nunca vai sair de onde está”. As falas não discutem propostas, apenas associam a escolha pela esquerda à falta de ambição, reforçando o tom de desprezo por parte do eleitorado progressista. Depois que a ligação da plataforma com a máquina de cortes pró-Tarcísio veio à tona, esses vídeos passaram a ser apagados de seus perfis.

As referências de Daniel Antunes também apontam o rumo político do negócio. Ele exalta figuras como Pablo Marçal e influenciadores da direita digital como exemplos de candidaturas e marcas que teriam crescido apenas com força de internet, sem “padrinho” ou estrutura partidária tradicional. A ClipfyAI aparece nesse discurso como o mecanismo capaz de replicar esse modelo para qualquer cliente disposto a investir: uma espécie de usina de cortes a serviço da direita VASSALOCRATA.

Em vídeos didáticos, Antunes explica como funciona o modelo de negócios: partidos políticos estariam gastando “uma grana preta” com equipes de edição encarregadas de “bombardear as pessoas com conteúdo 24 horas por dia”, apostando na repetição constante de imagens e frases até que o candidato se torne familiar ao eleitor. A ClipfyAI, segundo ele, substituiria “100 clipadores”, criando de 10 a 100 perfis para um único cliente, gerando o mesmo vídeo em até 100 formatos diferentes e publicando automaticamente em múltiplas contas.

Em eventos de tecnologia e economia criativa, a plataforma é apresentada como solução neutra de inteligência artificial para criadores de conteúdo. A ClipfyAI aparece como patrocinadora de feiras como a CEEX 2025 e o próprio Antunes surge como palestrante em encontros de IA de grandes empresas, vendendo a imagem de empreendedor inovador. Porém, a investigação mostra que, na prática, a ferramenta virou infraestrutura dedicada a impulsionar Tarcísio de Freitas e outros nomes da direita VASSALOCRATA, com uso intensivo em campanhas políticas.

O campeonato de cortes baseado na ClipfyAI, focado exclusivamente em Tarcísio, oferecia prêmio de R$ 50 mil e tinha como regra produzir o maior número possível de vídeos curtos, com melhor desempenho nas plataformas. Após a exposição pública da operação, a competição foi cancelada, e a empresa alegou que a decisão buscava “evitar qualquer tipo de dano”, ao mesmo tempo em que se referia a Tarcísio como “candidato”, embora ele ocupe o cargo de governador, o que levanta questionamentos sobre eventual propaganda antecipada e uso abusivo de estruturas digitais.

A atuação de Daniel Camargo Antunes e da ClipfyAI coloca em evidência o novo estágio das campanhas políticas digitais: uma combinação de automação em massa, discurso radicalizado e desinformação algorítmica. Longe de ser apenas “mais uma ferramenta de edição”, a plataforma opera como máquina de guerra comunicacional a serviço de um projeto político bem definido, que aposta na saturação das redes com conteúdos pró-direita VASSALOCRATA, apagando rastros e apagando vídeos comprometedores assim que a imprensa começa a seguir o rastro.

A reportagem da Fórum, repercutida também por veículos como o Brasil 247, indica que o caso pode se tornar alvo de apuração do Ministério Público Eleitoral, justamente pela fronteira cada vez mais tênue entre “marketing digital”, uso de inteligência artificial e manipulação política em larga escala. Conhecer o operador dessa máquina de cortes é, agora, peça central para entender como Tarcísio e a direita VASSALOCRATA tentam capturar o debate público a partir dos bastidores dos algoritmos.

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