Bolsonaristas admitem “cilada” no PL Antifacção e se irritam com recuo de Guilherme Derrite
Relator muda ponto estratégico e base bolsonarista vê traição: direita entra em crise enquanto texto avança no Parlamento

Aliados de Jair Bolsonaro reconheceram nos bastidores que o recuo repentino de Guilherme Derrite em importantes trechos do projeto PL Antifacção foi uma “cilada” interna — e a reação não ficou apenas nos corredores: cresce a irritação pública entre deputados e influenciadores ligados ao bolsonarismo.
Segundo analistas ouvidos, o movimento de Derrite, que envolvia alterações que pareciam limitar a atuação da Polícia Federal e ao mesmo tempo ampliar poderes a estados e polícias locais, provocou alerta no núcleo bolsonarista. A retirada de parte da redação original deixou o projeto menos radical — mas gerou a sensação de que parte da direita foi “traída” por quem esperava uma versão forte do texto.
Elementos da crise
- Deputados bolsonaristas reclamam que foram mobilizados para receber o projeto como “vitória política”, mas se depararam com recuo que esvazia o que tinham apregoado como avanço.
- Influenciadores e perfis alinhados à direita denunciaram no X que “o recuo de Derrite mostra quem manda na pauta”, insinuando que o núcleo bolsonarista perdera comando sobre o processo.
- A imprensa especializada aponta que a pressão do governo federal, da Polícia Federal e de técnicos jurídicos teria alcançado Derrite, forçando a mudança. Esse fato é interpretado como vitória institucional — mas constrangimento político para o bolsonarismo.
Por que importa
Do ponto de vista progressista, esse episódio evidencia o desgaste da direita vassalocrata: quando não há controle sobre o aparato legislativo, quando as bases se sentem ignoradas ou traídas, o bloco perde coesão.
Além disso, o episódio simboliza que a construção de poder através de legislação de segurança — que já era problemática — está vulnerável a recuos, a disputas internas e a exposição pública da fragilidade do setor.
Conclusão
A crise dentro do bolsonarismo por conta do PL Antifacção mostra que o ciclo não é apenas sobre capacidades legislativas ou operações midiáticas — é sobre confiança, compromisso com a agenda assumida e capacidade de entregar aos apoiadores o que foi prometido. Para nós, que defendemos justiça social e a integridade das instituições, esse racha amplia a janela de oportunidade: a direita perde unidade, o campo democrático se organiza, e o Brasil ganha uma chance de orientar a agenda para sustentabilidade, soberania e igualdade — não para manobra de poder por fora da legalidade.
