Policiais de SP se unem contra Derrite e denunciam crise na segurança de Tarcísio
Entidades da Polícia Civil e Militar marcam protesto no Largo São Francisco e acusam o secretário licenciado Guilherme Derrite de abandonar a base para aparecer em Brasília com o PL Antifacção

oliciais civis e militares de São Paulo marcaram uma manifestação conjunta para a próxima terça-feira (18), às 14h, no Largo São Francisco, no centro da capital, contra a política de segurança do governador Tarcísio de Freitas e a gestão do secretário licenciado Guilherme Derrite. As entidades afirmam que, ao assumir a relatoria do PL Antifacção na Câmara dos Deputados, Derrite deixou para trás problemas estruturais das corporações e aprofundou a crise da segurança pública no estado.
Em entrevista ao ICL, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), André Santos Pereira, aponta dois eixos centrais de insatisfação na Polícia Civil: a falta de valorização salarial prometida pelo governo Tarcísio e o descumprimento da Lei Orgânica Nacional da Polícia Civil, em vigor desde novembro de 2023, que estabelece regras gerais para as polícias civis em todo o país. Segundo ele, São Paulo ignora dispositivos que deveriam ter aplicação imediata, como direitos relacionados à pensão por morte em serviço.
O delegado lembra que a Lei Orgânica da Polícia Civil paulista é de 1979 e está defasada. Mesmo após a criação de grupos de trabalho pelo governo estadual em 2023 e novamente em 2025, nenhuma proposta concreta foi apresentada à categoria. As entidades afirmam que o Executivo recebeu subsídios técnicos para modernizar a carreira, mas não concluiu nem encaminhou o texto para a Assembleia Legislativa.
Entre as reivindicações para a nova lei estadual, os policiais defendem mudanças em seis frentes: remuneração, plano de carreira, jornada de trabalho de até 40 horas semanais, saúde, prerrogativas e previdência. Para André Santos Pereira, a modernização é essencial para que a Polícia Civil consiga enfrentar o crime organizado, que “está sempre um passo à frente do Estado” quando não há investimento e estrutura.
As críticas também atingem diretamente a condução de Guilherme Derrite à frente da Secretaria de Segurança Pública. Entidades acusam o secretário de promover um “racha” entre Polícia Civil e Polícia Militar, ao tentar transferir atribuições típicas da investigação civil para a PM. A reação da categoria levou o caso ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que decidiu que a Polícia Militar não pode solicitar mandados judiciais, competência prevista para a Polícia Civil.
Do lado da Polícia Militar, associações cobram reajuste linear e cumprimento das promessas feitas durante a campanha. Representantes de praças afirmam que o governo vendeu a imagem de um “salvador” das forças de segurança, mas não entregou os avanços anunciados. Por isso, lideranças da PM decidiram aderir ao ato organizado pelas entidades civis, unificando a pressão sobre o Palácio dos Bandeirantes e sobre Derrite.
A manifestação no Largo São Francisco reunirá, segundo os organizadores, 16 entidades da Polícia Civil, que integram o Fórum Resiste Polícia Civil de São Paulo, além de lideranças de praças, cabos e soldados da Polícia Militar. O objetivo é pressionar o governo por valorização salarial, nova Lei Orgânica estadual, melhores condições de trabalho e abertura de diálogo efetivo com a base das corporações, em um momento em que a segurança pública paulista enfrenta desgaste e questionamentos.
