EUA boicotam pela 1ª vez avaliação da Nações Unidas sobre direitos humanos no país
Em ato inédito, o Governo dos Estados Unidos rejeita participação na avaliação internacional e põe em xeque credibilidade do sistema global de direitos humanos

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta semana que não participará da avaliação periódica da Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos em seu território — um gesto que especialistas consideram inedito e que representa um poderoso ataque à legitimidade do sistema multilateral de direitos humanos.
A decisão dos EUA ocorre num momento em que crescem críticas internacionais ao recuo dos direitos civis no país, incluindo as tensões sobre liberdade de expressão, uso da força policial e tratamento de minorias. A consequência imediata: Washington se coloca fora do ciclo de escrutínios aos quais outros Estados-membros são submetidos, sugerindo tratamento privilegiado ou duplo padrão.
Para analistas progressistas, o boicote é sintomático de uma lógica imperial: ao recusarem a avaliação, os EUA afirmam sua exceção global, minando o princípio fundamental da universalidade dos direitos humanos — aquilo que o sistema ONU foi criado para defender. Isso cria precedente para que outros países façam o mesmo, enfraquecendo instrumentos internacionais de accountability.
A palavra agora passa aos Estados-membros do sistema da ONU. A reação pode variar entre protestos diplomáticos e propostas de sanção moral ou política. Mas o recado é claro: um dos principais atores globais desistiu de se submeter à avaliação que ele próprio ajudou a consolidar.
